"Contos de Amores Vãos" é a coletânea de vinte narrativas que versam sobre a incompletude dos relacionamentos e a frustração que isso acarreta. Cada um dos textos utiliza uma técnica ou uma forma diferenciada dos demais, o que torna a obra ousada do ponto de vista formal. A obra foi contemplada via Lic Federal, por meio da Lei Rouanet, e tem o patrocínio das empresas Randon e Marcopolo.

CAIXA DE PESQUISA

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Trechinho

          Sua dor era não lembrar se da última vez havia dito que a amava.
          Adeus não havia dito, pois não sabia que era adeus.
          A morte, essa nervosa, sempre estraga as melhores despedidas.
          E nos deixa coisas especiais de que sentir saudade.

(trecho de "A insustentável leveza do sonho", dos "Contos de Amores Vãos")

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A gênese vã


                        Há cinco anos conheci uma mulher. Bem, “conhecer” talvez seja um exagero. Passamos a nos corresponder com a publicação de meu primeiro livro. Nunca a vi pessoalmente. Nem seu nome sei. Ela apenas assinava “T.”. O certo é que, durante essa troca, mostrou-me o vácuo que todo relacionamento possui, por mais completo que possa enganar. Por mais aculturados que sejam os envolvidos. Escrevia e sumia. Respondia com muito atraso. Ficou um ano sem dar notícias. Depois assaltou minha tela, ávida como nunca, leu alguns desses contos e escreveu a orelha do livro. Agora, são quase três anos sem saber dela. Estou preocupado. Dizia-se rasa, pueril, mas seus e-mails a desmentiam. Como Sócrates afirmando que nada sabia, mostrava-se profunda. Lembro Schopenhauer: “O pensamento da maioria dos homens, quando conversam, parece cortado tão rente quanto um gramado, de modo que não é possível encontrar nenhum fio mais longo”. Com ela, era diferente. Então a ideia dessa obra. Este é um livro oco: o conteúdo dele está em ti, ou nem. Aqui vão contos vãos, que correspondem ao vazio das relações modernas; a natureza fugaz de amores que poderiam ter sido e não foram. Escritos que deslindam a banalidade de nossos sentimentos, nossa covardia em assumi-los e a inevitável conquista da infelicidade. Praticamente todos os textos são baseados em histórias que ouvi, vivi ou sonhei com/sem ela. Apenas acrescentei imaginação, mudando nomes que cabem alterar por bom gosto e ocultar por compaixão. Mas não há aqui condenação, porque não existe culpa. Não há um manual, nem significado para além do que está escrito. A cada página vemos sonhos que não se cumprem, felicidades provisórias, expectativas tão humanas quanto impossíveis. Até porque os amores que prosperam são bons para a vida, não para as letras. Só o amor não realizado pode ser romântico. O que seria da literatura sem Romeu e Julieta, Tristão e Isolda e outros? Como aconteceu antes, espero que esta publicação traga “T.” de volta. Quem sabe possamos nos conhecer de verdade. Ou não. O certo é que continuo preocupado.

                                                                                                                                                 O Autor


                 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sobre os "Contos de Amores Vãos"

          Uili retoma, com voz muito pessoal, os vazios humanos e os destinos quebrados, que um gesto ou palavra trariam de volta ao curso. Ele não faz esse gesto e não pronuncia a palavra mágica: os personagens têm seu próprio e inexorável caminho. Aí, dá-lhes a mão, solidário e sensível, acompanhando-os até o mais trágico dos finais. Como deve fazer um escritor de verdade.

Valesca de Assis


           Gostei muito do texto de Uili Bergamin. Ele narra bem, prende a atenção do leitor com suas histórias, seus diálogos são bem estruturados. Quem tem talento, como Uili, consegue seus espaço.

Moacyr Scliar


           Uili Bergamin é uma legítima vocação de escritor. Sua narrativa possui todas as boas qualidades que se esperam da ficção. Há nela sentimento humano à flor da pele. Há consciência da tradição literária. Há eficiência textual. Jovem e laborioso como é, prevejo-lhe uma carreira de sucesso.

Luiz Antonio de Assis Brasil