Dia desses pediram minha apreciação sobre “Contos de Amores Vãos”, de Uili Bergamin, e eu não respondi, fui evasiva. Como poderia responder assim, tão simples e prontamente, sobre algo tão profundo e complexo, como quem dá sua impressão a respeito de um objeto qualquer?
Tudo o que esse rapaz já escreveu é belo! Seu dizer é único no universo que conheço. Mas o “Contos de Amores” foi esculpido com mais esmero; é uma seleção cuidadosa de retratos humanos muito bem contados. É natural que o que já era ótimo fique melhor com o tempo e o conhecimento.
A dignidade que percebi em sua postura e em seu rosto, por ocasião do lançamento e no material publicado na imprensa, percebo também na obra. Um olhar para além do que está em volta, uma expressão de quem sonda o momento e capta os sinais; um certo domínio do humano e de si. Um quê de serenidade, outro quê de humildade.
Na minha pequenez, digo que em “Contos...” os pensamentos de Uili dançam, fazem cirandas, enlaçam, soltam, voltam a pegar, fazem alegorias, revelam, desvelam, sussurram segredos e mistérios. A coreografia encanta.
Isso significa que o autor conhece bem as paragens e paisagens humanas. O modo lírico, poético e transcendente de dizer resgata do animal o divino do homem.
Amo “Contos de Amores Vãos”, assim como amo seus livros anteriores, mas reconheço a beleza viva e dolorosa desse último trabalho.
Parabéns, Uili! Sei o quanto de suor e sacrifício, renúncia e empenho há no teu fazer. Imagino como deve ser possuir o corpo como instrumento do dom e do talento.
Para ti, minha admiração e minha gratidão por me dares importância.
Maria Helena Brambila
Professora – 29/05/2011