"Contos de Amores Vãos" é a coletânea de vinte narrativas que versam sobre a incompletude dos relacionamentos e a frustração que isso acarreta. Cada um dos textos utiliza uma técnica ou uma forma diferenciada dos demais, o que torna a obra ousada do ponto de vista formal. A obra foi contemplada via Lic Federal, por meio da Lei Rouanet, e tem o patrocínio das empresas Randon e Marcopolo.

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quinta-feira, 18 de abril de 2013

A prosa afiada dos "Contos de Amores Vãos"


                                                           Por Leandro Angonese - Poeta

Não é surpreendente que “Contos de Amores Vãos” tenha a repercussão que teve. Mais surpreendente teria sido se não tivesse. Este quinto título de Uili Bergamin esmaga com mão de ferro o idealismo tolo, qualquer romantismo ultrapassado que tenha resistido a pós-modernidade.
Em um país como o Brasil, onde ainda se procura leituras doces para amenizar as agruras do cotidiano, esta nova coletânea de contos tem tudo para cair como uma bomba. Ele irrompe no mundo literário com a espada em riste, derramando doses cavalares de estilo, realidade, precisão analítico-psicológica e algumas pitadas de humor. Um misto de volúpia e ira que vai destrinchando as relações contemporâneas, deixando à mostra as úlceras dos amores que poderiam ter sido e não foram.
Uili desafia a tendência “água-com-açúcar” e torna essa literatura totalmente risível depois de seus contos. Sua prosa é afiada e corta. É tão tóxica quanto o despeito que move seus narradores.
Mas a temática que embasa o texto é apenas uma das estocadas do autor. A forma usada por ele para construir este panorama literário é absolutamente assombrosa. Cada um dos vinte contos vem embalado de uma maneira diferente, inovando sempre, criando novos jeitos de narrar, de contar histórias. O domínio de Uili sobre a palavra só é comparável aos dos grandes mestres; ele faz o que quer com ela, anula a pontuação, inverte a sintaxe, cria neologismos. Conhece perfeitamente a regra, só para demoli-la.
Versátil, culto e inteligente, Uili ziguezagueia entre a filosofia, o erudito e o coloquial. E, diante de suas ideias, nos obriga a refletir sobre nós mesmos.
Apenas para exemplificar, já que todo o livro é fantástico, o conto “Ester” é obra de gênio. Eu o incluo entre os melhores já produzidos em nosso estado.
Ao virar a última página desse livro, nos deparamos com o vazio, mas saímos preenchidos de ótima literatura.

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